Quantas mulheres na sua empresa estão em posições de liderança? Quantas mulheres você conhece que são fundadoras de empresas ou startups?
Hoje, no Brasil, 37% dos cargos corporativos de liderança são ocupados por mulheres. Já nas mais de 10 mil startups cadastradas na ABStartups (Associação Brasileira de Startups), apenas 15% tem participação feminina no corpo de fundadores.*
Apesar do cenário no mercado de trabalho estar melhorando, as mulheres ainda são minorias em cargos de liderança, e essa desigualdade de gênero cria vários obstáculos como: equiparação salarial, falta de diversidade e representatividade e poucas mulheres na tecnologia e o desenvolvimento sustentável da economia do país. Existem mulheres fazendo a diferença, mas poucas tem de fato espaço de fala.
Como mudar essa realidade? Foi exatamente esta pergunta que me motivou a criar a Women Leadership.
A Women Leadership nasceu com o propósito de promover o protagonismo feminino através da liderança na nova economia por meio de eventos exclusivos, cursos e networking. Esse mês a Women Leadership completa 01 ano de vida e na minha cabeça passa um filme do início de tudo.
A Women nasceu como um projeto dentro da How Education e agora se tornou uma EMPRESA. Mas a Women, antes de ser a Women Leadership como é hoje, já teve outros formatos. Vou voltar um pouco no tempo e fazer uma retrospectiva, pois quero te contar como tudo começou…
Depois que entendi a importância do feminismo na minha vida para a luta da equidade de gênero, busquei dar protagonismo e voz para as mulheres nos projetos que estou envolvida, quando entrei na How comecei com a iniciativa de promover eventos para mostrar mulheres que estão empreendendo, a visão feminina sobre empreendedorismo, a essência do feminino e sua importância para o mundo.
O How Insights “Mulheres empreendedoras” foi realizado em São Paulo, Curitiba, em cada edição três convidadas contaram as suas histórias. Na edição Curitiba, às participantes foram Gabi Mahamud (Blog Flor de Sal e Fundadora do Good Truck Brasil), Letícia Preuss (na época Endeavor) e Vanessa Romankiv (fundadora da Tech Ladies Brasil) e em São Paulo, Fabíola Paes (co-founder da Neomode), Núbia Mota (na época head da VTEX) e Tânia Gomes (CEO e-commerce 33/34). O bate- papo envolveu temas como vivências e experiências no mundo do empreendedorismo, as dificuldades encontradas no caminho, os passos de superação e a visão para o futuro do empreendedorismo feminino com a nova economia digital.
No mesmo ano criei, a série “How Mulheres Empreendedoras: histórias de vidas empoderadas”, no qual tive o prazer de entrevistar oito mulheres empreendedoras extraordinárias de Curitiba: Thays Beleze (Jornalista e Empreendedora), Maria Teresa (Co-fundadora e CEO Bcredi), Vanessa Romankiv (Líder Tech Ladies), Renata Trevisan (Designer e Fundadora da Noiga), Linda Machado ( Investidora Curitiba Angels), Heloisa Strobel (Designer e Fundadora da Reptilia), Leticia Pressus (Empreendedora e Endeavor), Luanna Toniolo Domakoski (Co-fundadora e CEO Troc), elas abriram o seu coração e contaram um pouco das suas histórias de vida e visão sobre o mundo empreendedor.
Todas com uma personalidades muito distintas, mas sem dúvida alguma estão exercendo protagonismo e mudando o rumo do empreendedorismo com suas iniciativas e impactando positivamente o ecossistema no qual fazem parte como: mulheres, empreendedoras, criativas, inovadoras, mães, influenciadoras, ativistas, sonhadoras, realizadoras – que fazem a diferença, mostrando que lugar de mulher é onde a gente quiser.
Assista todos os videos da série aqui
Logo em seguida, inspirada em grandes nomes femininos da atualidade como: Anitta, Oprah Winfrey e J.K. Rolling, surgiu o How Pockets – Mulheres Empreendedoras, o programa com workshops de duração de 3 horas focava no protagonismo feminino e no desenvolvimento de habilidades como: comunicação, escrita, escuta ativa e marketing para suas vidas e carreiras.
Workshops oferecidos: Você, apresentadora: como influenciar pessoas pela sua história, com Thays Beleze, O fabuloso universo da escuta ativa, com Alessandra Boldrini, A poderosa empreendedora, com Isa Quartarolli e A escritora sem mágica, com Julie Fank
A ideia era muito legal e foi muito gostoso o processo de criação do projeto, os cursos foram ofertados em Curitiba, as turmas aconteceram, mas tivemos poucas pessoas inscritas, então resolvi não dar continuidade no projeto. Aqui aprendi que nem toda ideia que você acha genial é boa para o mercado.
Após organizar um evento sobre moda e tecnologia, percebi que muitas empreendedoras da área são extremamente criativas, porém, ainda sem todas as habilidades de gestão necessárias para construir um negócio de sucesso.
Após muitas conversas, surgiu a ideia de criar uma plataforma presencial de educação com foco em desenvolver habilidades essenciais em gestão por meio de workshops e eventos exclusivos com foco no Fashion Business, em que empreendedoras (atuais ou futuras) iriam aprender sobre: moda, tecnologia, comunicação, liderança e negócios sempre representadas por profissionais renomadas e empreendedoras de destaque no mercado que sabem, na pele, do que falam. Foram desenhados 03 módulos: Moda e Comportamento, Comunicação: você na moda e no vídeo e Construa uma startup de moda.
Realizamos 02 eventos para apresentar o projeto para o público, apesar dos eventos terem dado certo, não conseguimos fechar turma e os workshops não aconteceram. Fiquei muito triste e frustrada, pois na minha cabeça a ideia era incrível e tinha tudo pra dar certo, pensei em desistir de criar projetos, mas tenho uma mente inquieta, agora mesmo revendo todos esses projetos estou com a minha cabeça borbulhando.
Depois da frustração com o projeto WE ARE.WE TEACH, comecei a olhar com mais crítica para o ecossistema de startups onde a grande maioria dos líderes e fundadores são homens, isso me incomodou, então resolvi fazer algo para mudar essa realidade. Desenhei o projeto e algo me dizia que dessa vez ele iria dar certo.
Iniciamos através de um MVP (Produto Minimamente Viável termo usado em startup para testar projetos) um evento realizado na cidade de Curitiba em junho de 2019 com o apoio do SEBRAE/PR, foi lindo! Tivemos mais de 200 mulheres no primeiro evento e presença de líderes como: Maria Teresa Forneas (Co-fundadora e CEO da Bcredi), Luanna Toniolo (Co-fundadora da TROC), Leticia Preuss (Gerente Regional na Endeavor), Ariane Santos (Fundadora da Badú Design), entre outras.
Resolvi arriscar e com medo levei o mesmo evento para São Paulo, onde tivemos o apoio do Cubo Itaú, o maior hub de inovação da América Latina, conseguimos lotar as inscrições em 24h, o evento contou com cerca de 350 mulheres e tivemos a presença das palestrantes Erica Firmo (Gerente de Comunicação Linkedin), Núbia Mota (Diretora de Marketing e Negócio Adobe/Magento) e Erika Mello (Head of Branding Youse).
O projeto foi ganhando corpo e expandindo de uma maneira muito rápida e orgânica para outros eventos e curso imersivo de liderança feminina na cidade de São Paulo com apoio de grandes startups como Loft e Movile.
Terminei 2019 feliz e realizada e com a certeza que a Women Leadership em 2020 iria ganhar o mundo, porém tinha uma PANDEMIA NO MEIO DO CAMINHO…
Antes da pandemia da COVID – 19, a Women Leadership tinha um cenário mais que perfeito para qualquer empreendedor ter orgulho do seu filho recém nascido. Estávamos preste a dar continuidade na Women Leadership Tour, tínhamos um grande evento marcado para o dia 19.03 em parceria com a RIC RECORD do Paraná, no qual iria acontecer no Museu Oscar Niemeyer um dos cartões postais mais lindos de Curitiba. Além disso, tínhamos mais três Bootcamps marcados para acontecer em Curitiba, São Paulo e Florianópolis e mais um evento agendado no Rio de Janeiro.
Do dia para noite tivemos que cancelar TUDO, foi como estar dentro uma grande nave espacial com destino para Lua, eis que a comandante anuncia que temos que descer e que infelizmente a viagem estava sendo interrompida por tempo indeterminado. Para tomar as devidas providências agi rápido e racionalmente, após tudo feito, senti um vazio grande no meu coração e pensei: E agora, o que vou fazer?!
Em todo esse processo pandêmico, tive uma crise de identidade e propósito e pensei não dar mais continuidade a Women Leadership. Depois de pensar muito, meu coração respondeu: um movimento com propósito de fomentar o protagonismo feminino através da liderança, tem que continuar, pois a luta pela equidade de gênero e representatividade feminina em cargos de liderança dentro de empresas e startups tem que existir em tempos sem corona, com corona e pós corona. Como sempre falo nas minhas palestras: ¨investir na liderança feminina está longe de ser uma ação protocolar com o intuito de só equiparar estatísticas, mas sim, para trazer luz as contribuições que as mulheres podem fazer às organizações, a liderança feminina revoluciona a gestão das empresas, trazendo impacto positivo financeiro, inovação e disrupção nos negócios¨.
É meu propósito pessoal é dar voz às lideranças femininas para que mais mulheres se enxerguem como protagonistas de suas histórias, mas além disso também é um ato político em posicionamento a um movimento para construir um mundo com equidade de gênero, representatividade e diversidade feminina.
Já impactamos mais de 900 mulheres com nossos eventos e cursos presenciais, o objetivo é triplicar e alcançar o maior número de mulheres possíveis no formato online, pra que a gente volte a embarcar novamente na nossa nave espacial, não apenas para Lua, mas também para outros planetas, Universos e com certeza de um jeito muito melhor e diferente.
Além de contar a história de como tudo começou, também quero incentivar você mulher a tirar a sua ideia do papel e colocar o seu bloco da rua, arrisca, como você vai saber se a sua ideia é boa e faz sentido para pessoas? Talvez você erre muito, mude de a rota no meio do caminho, mas o importante é nunca desistir e fazer acontecer e se der medo, vai com medo mesmo.
* Fonte: Grant Thornton, International Business Report (IBR) – Women in Business, 2018 e ABSTARTUPS, 2019
Esse texto foi originalmente publicado em isaquartarolli.com.br